Ai, o Natal! Embora seja uma das minhas alturas favoritas do ano, é também a altura de falsidade e cinismo.
Todos os familiares que passamos o ano a odiar de repente tornam-se bem-vindos; as pessoas que não gostamos assim tanto, levem um sorriso amarelo e um feliz natal seco...Ah, é uma maravilha o Natal!
Vamos gastar o que temos e não temos para compensar a falta de atenção, consideração e até mesmo respeito que não tivemos o ano todo. Vamos lá perdoar o pobre coitadinho, que até não merece, mas como é Natal, viva à paz e ao amor. Como é bom o Natal...
A minha desilusão sobre a quadra Natalícia aparece devido a isto. Se ainda pudesse dizer que quando era criança era melhor, mas nem por isso. Porque mesmo em criança, eu era adulta e como tal os dramas familiares tornavam-se os meus dramas. No entanto, eu continuo a adorar o Natal.
Enquanto anda tudo ao estalo e pontapé, eu passo os meus dias de trabalho (ocupadíssima) a pensar que há muita gente que não vai ter Natal. Não vai haver mesa cheia, não vai haver lareira acesa, não vai haver roupa e mantas quentinhas, não vão haver presentes, não vão estar com a família, e se calhar com muita sorte ou falta dela, não vão ter um sítio onde ficar. O Natal deveria ser para todos.
Pensando assim, se calhar receber umas meias ou ouvir o ruído de um intruso na noite da Natal não é assim tão mau, comparativamente a não ter Natal.
Milhões de pessoas no Mundo passam o ano inteiro a sobreviver nas maiores dificuldades, dia após dia. O Natal é só mais um dia da imensa luta e dor que sentem. Mas é no Natal que toda a gente sente carinho e compaixão, quando foram uns cabrões o ano inteiro. É maravilhosa a quadra!
Por isso, num Natal em que foram necessárias fazer algumas cedências e ajustes, vou fazer um esforço por não me deixar afectar pelo cinismo alheio, mesmo que isso signifique não conseguir agradar a todos. Isso, e algum álcool também é capaz de ajudar...
Por fim, quero desejar a todos os fantasminhas um Feliz Natal. Que vos traga muita saúde, alegria, bebedeiras, o que quiserem. Que recarreguem baterias para continuar a enfrentar a última semana do ano e o que aí vem. Para que consigam atravessar as vossas batalhas diárias.
Para o ano há mais, e podemos contar com as meias da avó, com o familiar esquisito que só vemos uma vez no ano, e com o intruso que ninguém quer lá! Mas enfim, faz parte do espírito.
Pode ser que para o ano seja diferente, e rica de preferência...essa puta chamada esperança, nunca morre.
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