26/07/2016

Dia 13 - Generosidade

Durante anos da minha vida, mais propriamente na minha adolescência, surgiam-me muitas dúvidas sobre o porquê dos meus avós escolherem viver a vida deles da maneira como viviam. Para mim, a vida foi feita para ser vivida e aproveitada ao máximo; gastar dinheiro porque quando morrermos ele não vai connosco; e não viver a vida em função de mais ninguém.

Através deste meu processo de auto-conhecimento, e de mudança, tenho vindo a aperceber-me que não concordo nada com essa minha maneira antiga de pensar. Depois de uma conversa com o meu avô, ganhei inspiração para escrever este post.

Tanto o meu avô como a minha avó passaram por algumas dificuldades na infância, que só melhoraram um pouco depois de adultos e de se casarem. Mesmo, a minha mãe e os meus tios passaram por algumas dificuldades, não tão extremas claro, mas nada pelo qual eu tenha passado enquanto criança.

E graças ao esforço e ao controlo, eles são capazes de neste momento ajudar os três filhos, e consequentemente os netos.

Eu não entendia isto! Sempre achei que isto era uma maneira estúpida e frustrada de levar a vida - Afinal de que serve fazer sacrifícios se depois no fim nem vamos gozar? Isto é a cabeça de uma adolescente revoltada a pensar.

Chego à conclusão que para sermos felizes e gozarmos a vida, não necessitamos obrigatoriamente de fazer viagens no estrangeiro, nem gastar dinheiro loucamente. Talvez isso seja o meu ideal, ou de outras pessoas, mas não é nem nunca foi o deles.

Tudo o que têm feito e fazem por nós, é de uma completa generosidade, sem egoísmo, sem nunca pedir nada em troca. É por pura vontade, por gosto e amor.

Tantas vezes que me senti culpada por "abusar" das boleias do meu avô, ou dos "favores" da minha avó. Quando lá estou não tenho de fazer nada e sou tratada como uma verdadeira princesa. E ao passo que antes isto irritava-me profundamente (porque os adolescentes querem ser adultos, e ser adulto é sinónimo de gostar de fazer tudo sozinho) agora deixa-me completamente feliz e relaxada.

E apesar de todas as coisas más que eu possa ter feito ou dito no passado, nenhum dos dois me guarda rancor por isso - sabem que foi uma fase, e deixaram passar.

Há quem escolha viver a vida para seu próprio bem, e ser feliz assim. E há quem escolha que o propósito da vida é fazer sacrifícios para os outros viverem bem e felizes.

Por isso, aproveitem-nos bem: os avós nem sempre têm razão, e não temos de fazer as nossas escolhas em função do que acham que é melhor para nós; mas há sempre algo de bom e benéfico a retirar de cada ensinamento.

Eu fiz a escolha de o passar a fazer sempre. E como diz o meu avô:"Não me agradeçam por nada do que eu faço, porque eu não fiz nada obrigado e se o faço é porque quero mesmo fazer."

PS: Na minha pesquisa de uma imagem fofinha para colocar no fim, apercebi-me que hoje é Dia dos avós! Ironia da vida! Feliz dia dos avós para todos!

08/07/2016

Dia 12 - Jogadas Arriscadas

Após umas horas sentada no meu sofá, surgiu-me a inspiração para escrever este pedacinho. Estava a dar na televisão, num daqueles canais extremamente educativos (que muitas pessoas gostam de ver mas não irão admitir), pessoas famosas que morreram, em Hollywood, cedo demais.

Vou começar por dizer que, tal como muitas pessoas que andam por aí, eu acho piada a todo o mundo brilhante e deslumbrante que certas pessoas foram inteligentes o suficiente para nos fazer acreditar que são só facilidades e é mesmo assim. Mas, ao contrário das muitas pessoas que caíram nesta tentação, há que dar importância aos nossos valores e rodearmo-nos de pessoas que nos saibam manter com os pés assentes na Terra.

Claramente, isto não acontece no Mundo do Espectáculo, e nenhuma das pessoas que mostraram neste programa teve essa sorte. Faz-me pensar que, muitas das vezes lutamos todos os dias com os nossos problemas - financeiros, emocionais, etc. - e estas pessoas que aparentemente "têm" tudo, deitam-no a perder, caindo na asneira do consumo de drogas, álcool, jogo, entre outros.

Mostrou o caso da Whitney Houston: uma verdadeira Diva da música, com uma voz incomparável e que tinha sem dúvida um brilhante futuro pela frente. Toda a vida dela foi desgraçada a partir do momento que se juntou a más companhias, como o marido dela na altura e com o consumo de drogas. Isto tudo em troca de quê? De uma carreira, e de fama.

Não especificamente em troca de, mas na consequência de. Muitas das vezes temos dificuldades em lidar com todos os problemas e pressão que sofremos na nossa vida. Agora imaginem isto tudo, com um público nervoso e ansioso pelos nossos podres, sempre com as facas afiadas e câmaras apontadas, prontas para nos verem cair a qualquer segundo. Não é de todo uma situação de sonho, e acredito que para alguém sem uma boa estrutura familiar e mental, dê sempre em asneira no fim.

Quando digo isto não estou de todo a desculpar estas acções! Eu acredito que há sempre uma solução, sem ser enveredar pelo mau caminho. E com certeza, poderão todos dizer na maior das facilidades "Ninguém os obrigou a ir para lá. Há sempre um preço a pagar pela fama." Eu tenho sentimentos contraditórios sobre isto. É verdade, ninguém força ninguém a ir para esta vida e indústria e também acredito que têm de ser feitos sacrifícios pela fama. Mas até que ponto tem de "haver um preço a pagar"

Para muitas destas pessoas, o preço a pagar foi a infelicidade, o vício e a morte. Não me parece que seja isto que deva sair de uma coisa aparentemente boa, que é o entretenimento.

Eu adoro ser entretida. Eu deliro a ver bandas asiáticas, a ver bailarinos, até patinadores artísticos. Na realidade, todas estas profissões têm o objectivo de trazer sempre algo de bom, positivo e até felicidade a alguém, que é o público. Porque é que tantas destas pessoas que simplesmente decidiram abdicar de uma juventude "normal" por um sonho, têm um fim tão trágico? Que tipo de pressão é posta em cima destas pessoas, que as faz chegar a um ponto de ruptura tão grande, que a única opção é procurar refúgio em coisas que só as vai destruir?

Analisando a coisa friamente, e partindo muito da opinião que formei por ler muitos artigos relacionados com este Mundo, tudo começa com a ideia de sonhos, grandeza e poder que anos após anos, foram sendo plantados nas nossas cabeças através dos media. Cada pessoa lida com a coisa à sua maneira, mas se formos um bocadinho  mais longe até ao mundo do K-pop por exemplo, a maioria das pessoas que tomou interesse na Coreia do Sul quer viver lá por causa do K-pop, e quer tornar-se uma estrela pop porque acredita que aquilo que vemos nos nossos ecrãs é na realidade mesmo assim.

A maioria esquece-se da quantidade de sacrifícios que a maioria deles fez, como abdicar de uma juventude, como namorar, como sair à noite e fazer parvoíces próprias da idade, até como comer um hambúrguer porque estão constantemente de dieta. Isto, a meu ver é cruel e pode causar desespero e danos irreversíveis numa pessoa.

Para concluir, eu não julgo nem desprezo as pessoas que tenham o sonho de fazerem parte deste mundo - isso seria cínico da minha parte, pois eu sou fã de uma data de artistas, deliro e apoio sempre que trazem alguma coisa para os fãs, e adoro descobrir sempre novos artistas para me entreter. Mas tenho sempre em mente uma coisa: nunca vou exigir ou julgar estas pessoas por coisas que um Ser Humano faz normalmente.

E esta é provavelmente uma das razões pelas quais eu sou sempre uma fã no armário: eu não consigo lidar com fãs que não conseguem passar por cima do facto do artista X ir casar com a artista Y; ou pelo facto de artista Z não tenha sorrido para uma foto quando foi abordado na rua, num dia de folga. Lembrem-se que somos todos Seres Humanos, e todos partilhamos das mesmas aspirações e nem todos os dias são bons dias.

Isto é inteiramente a minha opinião, e se por acaso alguém estiver a passar por alguma fase menos boa, lembrem-se que há sempre outra saída e que nada deve ser mais importante que o vosso bem estar, saúde e vida. O resto, resolve-se! E se por acaso, houver menos um fã, dois, três, o que é que isso interessa? O Mundo é grande, e irá haver sempre alguém que irá gostar de nós.

06/07/2016

Dia 11 - Introvertidos




Hoje calhei em ver um video no YouTube sobre uma moça a falar sobre como gosta imenso de estar sozinha, ficar em casa mais do que sair, e de como decidiu assumir que é uma introvertida, sem problema nenhum.

Devo dizer que me identifiquei bastante com aquele video e com tudo aquilo que ela disse. Todas as características estão cá. Num post anterior, eu falei sobre a minha dificuldade em socializar e conviver naturalmente com pessoas que não conheço bem, ou situações desconhecidas de todo. Confessei também, que gostava de conseguir mudar essa parte da minha personalidade, por ser mais fácil, porque estar demasiado tempo sozinha também não é saudável, blá blá blá.

Mas até que ponto, é que ser introvertida é assim tão errado quanto isso? Porque é que se uma rapariga ou rapaz adorar sair todas as noites, é visto de maneira completamente normal e aceitável perante a sociedade, mas alguém que antes prefere ficar em casa a ler um livro, jogar, ver séries/filmes já tem automaticamente um problema? Porque é que isto é tão errado e visto de maneiras completamente diferentes?

Durante a minha adolescência e na passagem para a chamada idade adulta, deparei-me exactamente com este problema: Eu não gostava muito de sair, gostava mais de passar tempo com a minha cabeça do que conversar com outras pessoas, passava muito mais tempo a desenvolver ideias ou a escrever do que propriamente a conversar, e isolava-me muito facilmente com apenas um grupo de 3 ou 4 pessoas amigas. Isto teve tendência a piorar quando saí da escola e deixei de estudar: não era tão fácil conhecer outras pessoas, as pessoas que iam aparecendo não partilhavam dos mesmos interesses, e sim, a distância da minha residência ao local “onde tudo acontecia” dificultava também este processo.

Posso dizer que durante bastante tempo, esta minha faceta incomodava-me um pouco. Não entendia o porquê de ter tão pouca vontade de conviver, a falta de interesse por certas pessoas, a minha dificuldade em conversar com pessoas que não tinham mesmo nada a ver comigo e por último, não conseguir passar por cima destas barreiras por umas horas de diversão.

Para mim, nada disto era divertido; era cansativo. Ainda hoje é. Eu fico animada quando finalmente tenho um convite para sair, ou arranjo alguém para sair comigo...Mas ao fim dumas horas, eu já só vejo a hora de chegar a casa, vestir o meu pijama e ficar mais uma vez no meu mundo, escrever as minhas histórias ou descobrir mais uns quantos artistas para a minha colecção. Todo o processo de socialização tira-me toda a pouca energia que ainda me resta.

Se olharmos para isto de maneira objectiva, não há nada de errado com isso. Ok, eu aceito que sou uma pessoa que tenho tendência a isolar-me, não sou de todo uma borboleta social com feitio capaz de me dar com tudo e todos, e gosto de passar mais tempo em casa a ler do que numa festa ou café barulhentos. Ok, e então? Qual é realmente o problema disto? Isto será mesmo um problema grave, ou simplesmente eu e todos os introvertidos encaramos desta forma porque a sociedade (família, amigos, pessoas no geral à nossa volta) dizem-nos que “Ah e tal tu és jovem e não quereres sair não é normal”? Será que isto é devido a algum “medo” da rejeição como falei que sentia, anteriormente, ou trata-se apenas de uma preferência pessoal?

Num momento de lucidez, eu vou apostar que é a segunda. Como é que a sociedade sabe se eu sou mais feliz imensamente rodeada de pessoas ou sozinha no meu canto? Eu gosto de sair e de conviver. Quem não me conhece bem, até acha que eu sou super sociável. Mas eu gosto tanto de estar sossegada em casa. E quando digo sossegada, não necessita de ser propriamente sozinha: eu gosto de estar acompanhada. Mas será sempre com alguém com quem me sinto confortável  e que irá saber respeitar que nem todos nascemos para sermos extrovertidos e sociáveis.

Sou uma introvertida, não pretendo mudar isso no futuro, e não há nada de errado comigo. O passo para a cura, será sempre a aceitação. E a partir do momento, que todos olhemos para isto com esta intenção, o resto será muito mais fácil. Não quero mais lutar contra mim própria, porque só vai ser mais difícil no fim. E perceber, que não é o que os outros dizem, que torna a coisa certa ou errada – é aquilo que decidirmos que será melhor para nós.

O video que eu vi foi do canal Wengie Vlogs. Ela também os links do blog dela na descrição.


Por isso, se existirem leitores fofinhos por aqui, gostaria imenso de saber se há mais gente que partilha deste dilema ou não! É impossível que eu esteja sozinha no mundo ^^