06/07/2016

Dia 11 - Introvertidos




Hoje calhei em ver um video no YouTube sobre uma moça a falar sobre como gosta imenso de estar sozinha, ficar em casa mais do que sair, e de como decidiu assumir que é uma introvertida, sem problema nenhum.

Devo dizer que me identifiquei bastante com aquele video e com tudo aquilo que ela disse. Todas as características estão cá. Num post anterior, eu falei sobre a minha dificuldade em socializar e conviver naturalmente com pessoas que não conheço bem, ou situações desconhecidas de todo. Confessei também, que gostava de conseguir mudar essa parte da minha personalidade, por ser mais fácil, porque estar demasiado tempo sozinha também não é saudável, blá blá blá.

Mas até que ponto, é que ser introvertida é assim tão errado quanto isso? Porque é que se uma rapariga ou rapaz adorar sair todas as noites, é visto de maneira completamente normal e aceitável perante a sociedade, mas alguém que antes prefere ficar em casa a ler um livro, jogar, ver séries/filmes já tem automaticamente um problema? Porque é que isto é tão errado e visto de maneiras completamente diferentes?

Durante a minha adolescência e na passagem para a chamada idade adulta, deparei-me exactamente com este problema: Eu não gostava muito de sair, gostava mais de passar tempo com a minha cabeça do que conversar com outras pessoas, passava muito mais tempo a desenvolver ideias ou a escrever do que propriamente a conversar, e isolava-me muito facilmente com apenas um grupo de 3 ou 4 pessoas amigas. Isto teve tendência a piorar quando saí da escola e deixei de estudar: não era tão fácil conhecer outras pessoas, as pessoas que iam aparecendo não partilhavam dos mesmos interesses, e sim, a distância da minha residência ao local “onde tudo acontecia” dificultava também este processo.

Posso dizer que durante bastante tempo, esta minha faceta incomodava-me um pouco. Não entendia o porquê de ter tão pouca vontade de conviver, a falta de interesse por certas pessoas, a minha dificuldade em conversar com pessoas que não tinham mesmo nada a ver comigo e por último, não conseguir passar por cima destas barreiras por umas horas de diversão.

Para mim, nada disto era divertido; era cansativo. Ainda hoje é. Eu fico animada quando finalmente tenho um convite para sair, ou arranjo alguém para sair comigo...Mas ao fim dumas horas, eu já só vejo a hora de chegar a casa, vestir o meu pijama e ficar mais uma vez no meu mundo, escrever as minhas histórias ou descobrir mais uns quantos artistas para a minha colecção. Todo o processo de socialização tira-me toda a pouca energia que ainda me resta.

Se olharmos para isto de maneira objectiva, não há nada de errado com isso. Ok, eu aceito que sou uma pessoa que tenho tendência a isolar-me, não sou de todo uma borboleta social com feitio capaz de me dar com tudo e todos, e gosto de passar mais tempo em casa a ler do que numa festa ou café barulhentos. Ok, e então? Qual é realmente o problema disto? Isto será mesmo um problema grave, ou simplesmente eu e todos os introvertidos encaramos desta forma porque a sociedade (família, amigos, pessoas no geral à nossa volta) dizem-nos que “Ah e tal tu és jovem e não quereres sair não é normal”? Será que isto é devido a algum “medo” da rejeição como falei que sentia, anteriormente, ou trata-se apenas de uma preferência pessoal?

Num momento de lucidez, eu vou apostar que é a segunda. Como é que a sociedade sabe se eu sou mais feliz imensamente rodeada de pessoas ou sozinha no meu canto? Eu gosto de sair e de conviver. Quem não me conhece bem, até acha que eu sou super sociável. Mas eu gosto tanto de estar sossegada em casa. E quando digo sossegada, não necessita de ser propriamente sozinha: eu gosto de estar acompanhada. Mas será sempre com alguém com quem me sinto confortável  e que irá saber respeitar que nem todos nascemos para sermos extrovertidos e sociáveis.

Sou uma introvertida, não pretendo mudar isso no futuro, e não há nada de errado comigo. O passo para a cura, será sempre a aceitação. E a partir do momento, que todos olhemos para isto com esta intenção, o resto será muito mais fácil. Não quero mais lutar contra mim própria, porque só vai ser mais difícil no fim. E perceber, que não é o que os outros dizem, que torna a coisa certa ou errada – é aquilo que decidirmos que será melhor para nós.

O video que eu vi foi do canal Wengie Vlogs. Ela também os links do blog dela na descrição.


Por isso, se existirem leitores fofinhos por aqui, gostaria imenso de saber se há mais gente que partilha deste dilema ou não! É impossível que eu esteja sozinha no mundo ^^



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