Confesso que tenho algum problema em receber ordens e em ser contrariada. Isto aplica-se mais no meu dia-a-dia de trabalho, e torna-se mais tolerável a nível pessoal. Detesto receber ordens, principalmente quando não concordo com elas, que só por acaso acontece 99,9999999% das vezes.
Os pêlos do braço eriçam-se, uma onda de calor dá-se e após um respirar bem fundo e um tentar dizer "o meu ponto de vista e ser bem educada", as minhas mãos começam a tremer de seguida. Isto acontece, SEMPRE que há algum confronto devido a uma ordem que a meu ver não tem razão de ser.
Não ajuda o facto de eu ter uma visão de como as coisas devem de ser feitas, muito particular. Piora um pouco quando me "mandam" fazer alguma coisa, mas não se explicam bem, ou simplesmente são resistentes à ideia de mudança porque "Ah e tal é assim que eu faço há anos, e é assim que você tem de fazer porque eu não me vou adaptar à sua maneira." Então porque é me pediu, Senhor? Quando pedimos aos outros para fazerem alguma coisa por nós, e não somos específicos no que queremos, as probabilidades de acontecer algo deste género são muitas!
Além disso, quando não se trabalha sozinho, há que encontrar este meio-termo - vão duas pessoas desempenhar esta função, sendo que eu estou lá há menos tempo e ainda estou a adaptar-me...então vamos tornar isto o mais simples possível para mim mas sem atrapalhá-lo a si e aos seus rituais do ano de 1555. Acho que isto não é difícil de perceber...
Pois, mas eu esqueço-me que as pessoas com as aptidões para as matemáticas não entendem bem o Português (sem querer ofender ninguém, atenção). E gera-se um problema..Posso dizer que nesta tarde, devo ter revirado os olhos 355 vezes por minuto, ter imaginado cenários catastróficos do que iria acontecer ao meu patrão caso ele continuasse a pôr em causa os meus métodos, e respirado fundo pelo menos umas 50 vezes por segundo, de forma a evitar alguma saída menos infeliz.
Isto é uma má característica da minha personalidade, que tento esconder o melhor que consigo, porque não é vista como uma "teimosia" de tentar melhorar ou opinar sobre alguma coisa, mas sim como um desafio à autoridade. E tendo em conta que eu só "falo" bem quando escrevo, é bastante complicado gerir isto.
Porque é que as pessoas quando "mandam" ficam completamente cegas, surdas e mudas a outras opiniões? A mudança é positiva e é importante para a haver evolução. Se eu não der uma oportunidade, nunca vou chegar à conclusão que se fizer Ctrl+L numa folha de Excel vou conseguir encontrar com mais rapidez, aquilo que quero. Mas quem não gosta de mudança e se esconde atrás da autoridade, prefere continuar a percorrer o Excel até encontrar o que procura. Não se lembram sequer do tempo que se perde e que poderiam estar a desenvolver outras coisas.
Há outra coisa que bate de frente aqui - o factor idade/experiência. Enquanto se é "novo" e sem tanta experiência, nada é levado a sério. Nem sempre o "Ah e tal eu trabalhei 30 anos na empresa do Manuel Joaquim", significa saber fazer as coisas melhor do que uma pessoa mais nova. Principalmente, quando não se procura evoluir ou saber mais. É este tipo de autoridade que me faz morder a língua e respirar fundo para não roçar a má educação.
Não se trata de uma questão de arrogância - quando as ideias das pessoas mais experientes fazem sentido e ajudam, eu sou a primeira a fazer um esforço para adoptar. Mas quando irão complicar ainda mais o trabalho que no futuro até só vou ser eu a desempenhar, não consigo ver a utilidade e objectivo. Acho que se trata apenas de uma questão de afirmação - "Eu estou aqui, eu sei mais, eu mando, e tu vais fazer porque é para isso que te pago."
Fica apenas aqui um desabafo, de um dia menos bom, em que abanei a cabeça muitas vezes por sentir a minha paciência a ser testada. Pode ser que no futuro eu ganhe a qualidade de "comer e calar", pois torna tudo mais fácil e suportável. Até lá, vamos rindo e contando os episódios mais macabros que assisto todos os dias.