10/06/2016

Dia 7 - O que nunca te irei dizer

Tenho tanta coisa a dizer a teu respeito que nem sei por onde começar. Estou à procura de algum alívio de todas as coisas más que me fazes sentir, e vou começar por aqui.

Por alguma infelicidade do destino, temos um elo de ligação inquebrável, mas cada vez mais me convenço que nem sempre é para ser assim, e que se ambos pudéssemos escolher, penso que o faríamos. Não há explicação para a infelicidade que me causas; desde algum tempo que deixei de conseguir lidar com o sentido de humor para aliviar a dor e é cada vez mais difícil conviver contigo e passar por cima de todas as ondas negativas que o meu cérebro teima em chamar-me à atenção.

O teu egoísmo esgota-me, a tua pura falta de interesse leva-me a querer que tenho de ser perfeita para talvez assim prestares atenção ao que eu digo. Aborrece-me a tua falta de sensibilidade. Adorei quando me quiseste alertar para o facto de achares que eu estava meio "perdida" na vida, e que só querias o meu bem. Onde estavas tu na altura em que eu precisava de estabilidade? E nos fim-de-semanas em que não hesitaste em deixar-me com outra pessoa porque surgiu uma festa de aniversário e tu não podias faltar? Nunca me considerei uma pessoa rancorosa, mas contigo acho que sou...

O teu e o meu azar é sem dúvida a minha boa memória. Eu lembro-me de tudo como se fosse ontem, e é graças às tuas acções que eu me encontro na posição perdida onde estou hoje. A minha necessidade de controlo sobre tudo, porque eu assumi que se não podia contar contigo então é só comigo própria que posso contar; o meu medo de relações: se soubesses a quantidade de homens que já passaram na minha vida e que foram inconscientemente magoados, porque para mim é apenas justo eles receberem a mesma indiferença de mim como a que eu recebo de ti.

E sabes o mais engraçado de tudo? Tu nem sequer te apercebes que fazes alguma coisa de mal. 

O facto de eu dormir num quarto no qual tenho de saltar por cima de tudo para chegar às minhas coisas, não te incomoda; não te incomoda que eu durma no sofá porque não consigo dormir no quarto; a tua obsessão para que eu leve todas as minhas coisas, sempre com a finalidade de "podes precisar depois". Será que é mesmo isso? Ou simplesmente não te agrada que estejam lá as minhas coisas, a desequilibrar o teu espaço?

Aquilo que hoje em dia me afronta ainda mais, são as típicas desculpas: não te esqueças que ele veio dum meio complicado e não sabe ser de outra forma, ele pensa imenso em ti. Adoro que ninguém entenda a pressão e o sentimento de culpa que isso coloca em mim. Vocês não me ajudam assim, só pioram. 

Eu escolhi não aceitar essa desculpa, porque simplesmente não estou a exigir nada que não seja meu por direito. 

Sugas-me a energia, e com todas as certezas te posso dizer que não tenho qualquer vontade de falar contigo quando me ligas. Porque a tua forma de mostrar que te preocupas nunca me parece verdadeira, porque na realidade tu não entendes o que se passa comigo e o impacto que a tua maneira de ser tem  sobre a minha vida. Porque na realidade, eu ainda não aceitei que as coisas são como são e que o que nasce torto, tarde ou nunca se indireta. Porque a esperança é sempre a ultima a morrer.

E enquanto isso, eu ando aqui: eu choro, eu faço verdadeiros dramas na minha cabeça, eu isolo-me e escolho não privar contigo, eu mato-me a pensar como é que hei-de fazer para aprender a lidar com isto perdoar e deixar ir, mas eu não consigo.

E tu vives normalmente, achando que eu estou a passar por uma fase menos boa e que a desculpa para a tua indiferença é que "não sabes como lidar comigo"...essa fase dura há 22 anos da minha vida, que engraçado.

Um dia eu vou ler isto, e achar que foi tudo um exagero da minha parte e sinceramente, mal posso esperar que chegue esse dia, porque estou realmente cansada de lutar uma batalha perdida.

Obrigada por tudo, graças a ti, nunca irei ser 100% "normal".

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