25/06/2016

Dia 9 - Egoísmo e Sentimento de Culpa

Adorava ser egoísta. A sério. Pode ser visto por muitos como uma má característica, mas permite-nos fazer e dizer o que realmente queremos, sem o típico sentimento de culpa.

Sentimento de culpa é o meu nome do meio. Qualquer coisa que eu diga, faça que possa magoar alguém (mesmo sem ser propositado) o sentimento de culpa aparece sempre.

Quando eu penso que sou alvo de egoísmo a toda a hora, acho que deveria mudar este ponto da minha personalidade. Mas porque é que isto não é fácil de fazer? Porque é que as pessoas à minha volta tomam decisões que me influenciam, e não pensam sequer nas consequências que isso me poderá trazer no futuro, ou neste caso, neste preciso momento? Adorava ser egoísta.

Eu tenho tanta vontade de dizer o que eu realmente quero, às vezes. Mas sou sempre assombrada pelo “politicamente correcto”, aquele senhor que só traz problemas e dificulta a nossa vida. Já estou como a música: “Eu queria dizer que não, mas não consigo...”

Não consigo porque a Joaquina vai sofrer; Não consigo porque o Edmundo vai ficar chateado; Não consigo porque tenho medo que toda a gente me culpe a seguir... (Devo referir que foram nomes escolhidos ao acaso)

Mas até que ponto isto é nocivo para qualquer pessoa? Não consigo descrever a carga emocional que sobrecarrega alguém que vive assim. Só relativamente há pouco tempo, me apercebi que essa pessoa sou eu.

Costumava ser uma pessoa tão firme nas minhas opiniões, tão bem decidida no que queria ou não fazer, no que seria melhor para mim...O que é que me aconteceu?

Dou por mim a não comentar tanto um certo assunto, porque provavelmente a Joaquina não vai compreender o que vou dizer e não vai gostar; Não vou dizer se eu quero na realidade comer o último pedaço de bolo porque o Joaquim vai querer decerteza.

Se isto for utilizado com conta, peso e medida, é uma boa característica...somos pessoas que tomamos em consideração os sentimentos e bem-estar dos outros. Mas quando nos anulamos, e chegamos à conclusão que estas decisões tomadas não nos trazem felicidade, a coisa é pior.

Chego à conclusão que me anulo para evitar confusões. Porque estou mais do que traumatizada com situações em que eu falei, e não foi bem compreendido e resultou em mais uma coisa mal resolvida.  Eu estava certa...Mesmo quando abri a boca em tom de brincadeira, gerou uma grande crise. E é engraçado que é sempre com a mesma pessoa.

Tudo acontece na minha vida como uma decisão e a sua consequência. Eu decidi falar naquele momento; correu mal e mesmo quando confrontada com a situação, a minha opinião não foi entendida ou de todo bem recebida. Consequência – Sentimento de culpa, no seu melhor.

Eu tenho plena consciência que não fiz nada de mal. No entanto, eu obrigo-me a achar que eu fiz alguma coisa de mal, que eu tenho de pedir desculpa. Talvez, por ter sido a mais nova da família durante algum tempo, e tudo o que dizia (não da melhor forma, admito) caía sobre mim, mesmo eu até tendo razão.

Desta vez eu fui um bocadinho egoísta, e decidi que não ia dar o braço a torcer. Não tenho de o fazer...E disse com todas as letras o que eu queria que fosse feito.

O sentimento de culpa, ou como eu gosto de chamar: o Nandinho, está a tentar há pelo menos 2 horas dar o ar de sua graça.

“Não devias ter dito isto”; “Ele agora vai embora e foi por tua culpa”; “Foste tu que provocaste isto”; “Devias retirar tudo o que disseste e pedir desculpa mesmo que não tenhas feito nada de mal”; “Pensa que mais alguém vai ficar infeliz com a decisão que ele tomou, por causa do que tu lhe disseste”.

Eu vou fazer de tudo, para não ouvir o Nandinho. Ele fala de mais, e na realidade ele não manda em mim. O Nandinho já teve tempo de antena que chegue, durante estes 10 anos que se passaram.

Eu vou pegar nisto e tornar realidade, e o Nandinho não me vai impedir.

“Eu não quero que cá estejas, porque és uma presença nociva para mim. Porque não acredito nas tuas boas intenções; porque calculas tudo ao máximo para o que te convém; Tiveste muitas oportunidades para sair e estás a usar-me como desculpa para ser mais fácil para ti. Eu não consigo conversar e chegar a nenhuma conclusão, com uma pessoa pequenina de espírito que só sabe ver e opinar as vidas dos outros, mas não é humilde o suficiente para admitir os seus defeitos nem as opiniões diferentes das outras pessoas. Porque todas as outras palavras que te digo, tu usas da maneira que te convém, e ironizas. Só mostra a pessoa pobre que és. “

“Mas eu perdoo-te pela tua estupidez e falta de carácter...Afinal não podemos todos ser boas pessoas. E nunca me vou esquecer das coisas boas que também passámos, nem das coisas que fizeste por mim (e que eu prefiro pensar que foram por boa vontade e não para agradar a alguém). “

Por agora, escolhi ser egoísta e fazer e dizer o que quero. Estas palavras irão ser um mantra na minha cabeça, até eu acreditar nelas e não vou deixar que sejas importante o suficiente para eu pensar em ti.

Afinal o rancor e a tristeza fazem rugas, e tal como tu o disseste – Eu sou a superestrela da família!

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