Adorava
ser egoísta. A sério. Pode ser visto por muitos como uma má característica, mas
permite-nos fazer e dizer o que realmente queremos, sem o típico sentimento de
culpa.
Sentimento
de culpa é o meu nome do meio. Qualquer coisa que eu diga, faça que possa
magoar alguém (mesmo sem ser propositado) o sentimento de culpa aparece sempre.
Quando
eu penso que sou alvo de egoísmo a toda a hora, acho que deveria mudar este
ponto da minha personalidade. Mas porque é que isto não é fácil de fazer?
Porque é que as pessoas à minha volta tomam decisões que me influenciam, e não
pensam sequer nas consequências que isso me poderá trazer no futuro, ou neste
caso, neste preciso momento? Adorava ser egoísta.
Eu
tenho tanta vontade de dizer o que eu realmente quero, às vezes. Mas sou sempre
assombrada pelo “politicamente correcto”, aquele senhor que só traz problemas e
dificulta a nossa vida. Já estou como a música: “Eu queria dizer que não, mas não consigo...”
Não
consigo porque a Joaquina vai sofrer;
Não consigo porque o Edmundo vai
ficar chateado; Não consigo porque tenho medo que toda a gente me culpe a
seguir... (Devo referir que foram nomes escolhidos ao acaso)
Mas
até que ponto isto é nocivo para qualquer pessoa? Não consigo descrever a carga
emocional que sobrecarrega alguém que vive assim. Só relativamente há pouco
tempo, me apercebi que essa pessoa sou eu.
Costumava
ser uma pessoa tão firme nas minhas opiniões, tão bem decidida no que queria ou
não fazer, no que seria melhor para mim...O que é que me aconteceu?
Dou
por mim a não comentar tanto um certo assunto, porque provavelmente a Joaquina não vai compreender o que vou
dizer e não vai gostar; Não vou dizer se eu quero na realidade comer o último
pedaço de bolo porque o Joaquim vai
querer decerteza.
Se
isto for utilizado com conta, peso e medida, é uma boa característica...somos
pessoas que tomamos em consideração os sentimentos e bem-estar dos outros. Mas
quando nos anulamos, e chegamos à conclusão que estas decisões tomadas não nos
trazem felicidade, a coisa é pior.
Chego
à conclusão que me anulo para evitar confusões. Porque estou mais do que
traumatizada com situações em que eu falei, e não foi bem compreendido e
resultou em mais uma coisa mal resolvida. Eu estava certa...Mesmo quando abri a boca em
tom de brincadeira, gerou uma grande crise. E é engraçado que é sempre com a
mesma pessoa.
Tudo
acontece na minha vida como uma decisão e a sua consequência. Eu decidi falar
naquele momento; correu mal e mesmo quando confrontada com a situação, a minha
opinião não foi entendida ou de todo bem recebida. Consequência – Sentimento de culpa, no seu melhor.
Eu
tenho plena consciência que não fiz nada de mal. No entanto, eu obrigo-me a
achar que eu fiz alguma coisa de mal, que eu tenho de pedir desculpa. Talvez,
por ter sido a mais nova da família durante algum tempo, e tudo o que dizia (não
da melhor forma, admito) caía sobre mim, mesmo eu até tendo razão.
Desta
vez eu fui um bocadinho egoísta, e decidi que não ia dar o braço a torcer. Não
tenho de o fazer...E disse com todas as letras o que eu queria que fosse feito.
O
sentimento de culpa, ou como eu gosto de chamar: o Nandinho, está a tentar há pelo menos 2 horas dar o ar de sua
graça.
“Não
devias ter dito isto”; “Ele agora vai embora e foi por tua culpa”; “Foste tu
que provocaste isto”; “Devias retirar tudo o que disseste e pedir desculpa
mesmo que não tenhas feito nada de mal”; “Pensa que mais alguém vai ficar
infeliz com a decisão que ele tomou, por causa do que tu lhe disseste”.
Eu
vou fazer de tudo, para não ouvir o Nandinho. Ele fala de mais, e na realidade
ele não manda em mim. O Nandinho já teve tempo de antena que chegue, durante
estes 10 anos que se passaram.
Eu
vou pegar nisto e tornar realidade, e o Nandinho não me vai impedir.
“Eu
não quero que cá estejas, porque és uma presença nociva para mim. Porque não
acredito nas tuas boas intenções; porque calculas tudo ao máximo para o que te
convém; Tiveste muitas oportunidades para sair e estás a usar-me como desculpa
para ser mais fácil para ti. Eu não consigo conversar e chegar a nenhuma
conclusão, com uma pessoa pequenina de espírito que só sabe ver e opinar as
vidas dos outros, mas não é humilde o suficiente para admitir os seus defeitos
nem as opiniões diferentes das outras pessoas. Porque todas as outras palavras
que te digo, tu usas da maneira que te convém, e ironizas. Só mostra a pessoa
pobre que és. “
“Mas
eu perdoo-te pela tua estupidez e falta de carácter...Afinal não podemos todos
ser boas pessoas. E nunca me vou esquecer das coisas boas que também passámos,
nem das coisas que fizeste por mim (e que eu prefiro pensar que foram por boa
vontade e não para agradar a alguém). “
Por
agora, escolhi ser egoísta e fazer e dizer o que quero. Estas palavras irão ser
um mantra na minha cabeça, até eu acreditar nelas e não vou deixar que sejas
importante o suficiente para eu pensar em ti.
Afinal
o rancor e a tristeza fazem rugas, e tal como tu o disseste – Eu sou a superestrela da família!
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