16/07/2017

Dia 24 - Os Conselheiros


O problema de partilharmos as nossas aspirações e objectivos, é que toda a gente irá sempre ter imensas opiniões para dar.

Uma das coisas que eu mais adoro é a imposição dessas mesmas opiniões. Conselhos...o que queiram chamar. Infelizmente, não somos todos iguais; não nascemos todos com a garra de subir ou vencer. Nem todos somos estrelas do social. Nem todos desenvolvemos em nós a aptidão de nos desdobrarmos em qualquer situação, e ainda assim sair no topo.

E nem todos queremos.

Analisando de longe, a hipótese de construir uma coisa só minha ou ser reconhecida por isso é de facto muito risonha. Mas toda a gente se esquece dos passos até lá. E ninguém se preocupa se é de facto para esse lado que a tua balança pesa mais.

Colocar de lado a minha ética e fazer de conta que em mim existem certas características, por uns euros a mais na minha conta deixa-me bastante desconfortável. Se eu gostasse de negócio, provavelmente era isso que teria estudado, “porque infelizmente o Mundo funciona assim.”

Mas eu não tenho de ser como o Mundo só porque o Mundo assim quer.

O ideal que todas as outras pessoas idealizam para ti pode não ser aquele que realmente te serve. E eu até posso estar perdida nos meus objectivos...mas sei que enfiar-me no mundo do negócio e da ginástica mental de prender o cliente em volta do meu dedo mindinho não será. Por muito que toda a gente ache que eu até tinha capacidades para o fazer.

Porque é que toda a gente assume que eu tenho de ajudar? Alguém me perguntou se eu queria ou não?

Porque é que no meio de todas as coisas que eu tenho para resolver e endireitar vocês teimam em mandar-me mais esta “porque senão for assim no início, não se vai conseguir...por isso precisamos mesmo que tu ajudes.”?

O vosso egoísmo nem dá lugar ao meu para se manifestar. E esta é a grande mágoa que eu tenho no Ser Humano: no fim do dia tudo o que importa és tu e as tuas concretizações. O que os outros querem não é importante, mesmo que eu tenha de te usar para conseguir o que eu quero.

Agradeço do fundo do coração a vossa tentativa de impulsionamento e abertura de horizontes, mas não será pela vossa insistência e lavagem cerebral que eu irei lá chegar. Eu demorei 6 anos da minha vida para finalmente decidir que queria prosseguir os meus estudos...acham mesmo que serão em meses e semanas que vou optar por uma das vossas sugestões?

Eu sou como Deus - o meu tempo não é o vosso.

03/05/2017

Dia 23 - Querida Patroa...

Querida Patroa,

Quis escrever-te esta carta, porque palavras não seriam suficientes para descrever como os meus dias se tornam uma merda na tua presença. Achei que precisasses de saber...

O facto de um ser desprezível como tu ter chegado onde está não me surpreende. Já não tenho esperança na raça humana, mesmo.

A semana que estiveste fora, foi suficiente para confirmar as minhas suspeitas: quem torna este local razoável, num emprego insuportável és tu! Com a tua burrice desmesurada, com as tuas "questões" disfarçadas de acusações, com a tua grande capacidade de meteres o bedelho em tudo o que não te diz respeito... É assim, que se promove a desmotivação, querida. É devido a pessoas como tu que questiono vezes sem conta, a minha sanidade mental.

Mas tu na realidade até és uma querida e uma fofinha. Principalmente, quando entras no computador de uma empresa da qual tu até já não fazes parte (por alguma razão, o teu próprio marido não te quis mais aqui a dar as cartas), apenas e somente para "acertares as tuas contas". Isso, e de vez em quando o rato lá escorrega e toca de ver os e-mails para me questionares no dia seguinte o que é que eu andei a fazer.

Achas que é arrogância minha, não querer ser vigiada a cada passo que dou? No início até pensei que pudesse ser mais algum problema de autoridade meu. Mas, "questões" como as tuas eu detecto-as à distância. Aquele pôr em causa delicioso, que todos vocês raça hierárquica superior, gostam de fazer.

E eu até sei porquê! Tendo em conta a vossa incompetência, e inevitáveis escorregões - principalmente aqueles que acontecem no Home Banking (sabe-se lá porquê senhor!) - assumem automaticamente que nós da Plebe iremos fazer o mesmo.

Mas olha querida, nem que caísse na minha mão eu o iria fazer. Parece-me óbvio que os nossos desentendimentos, sejam porque vimos de castas diferentes. Até se pode sair da favela, mas a favela nunca sai de ti amiga.

A nossa paz podre resulta da minha cultura e sabedoria muito superior à tua, e do meu pensamento objectivo e racional perante as minhas obrigações da vida - há quem não se importe de ser escrava. 

E acredita...pior que tu existe! Eu sei disso, eu já lá estive! Por isso, embora pense todos os dias em ir ao curandeiro para te dar assim uma caganeira daquelas que não te levantas da sanita, penso que ainda tens muito que aterrorizar para chegar aos pés de quem é Mestre na arte de aterrorizar. Isso e umas aulas de Inglês e Português - pelo menos só para disfarçar a tua falta de inteligência.

Espero que esta carta não tenha palavreado muito caro - eu esforço-me todos os dias para descer ao teu nível, mas confesso que não me é natural. Coisas da vida!

Talvez ta dê, quando me despedir! Olha que já esteve mais longe...há que ter fé!

Com muito desprezo da tua estimada discípula,

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27/03/2017

Papagueando - Odeio Impressoras

Eu odeio impressoras. Não sei explicar exactamente de onde vem este ódio, mas não consigo ser amiga de nenhuma delas!

No meu actual local de trabalho, estou rodeada de três impressoras - cada uma com a sua devida função - e não vos sei explicar como me sinto à beira de um ataque de nervos de cada vez que uma delas começa a fazer barulhos suspeitos, sem nenhuma razão aparente! Eu sei que bem lá no fundo, elas se estão a unir para me fazerem a folha, ao estilo Guerra dos Mundos. 

Já imaginaram os milhões que iria ganhar com esta ideia? Uma tentativa de extinguir a raça Humana, só com impressoras. É melhor patentear isto, não vá algum engraçadinho ou engraçadinha o tentar primeiro.

Mas passando os meus pesadelos à frente, as impressoras também são objectos extremamente pedinchões e exigentes! Como aquele ex-namorado ou namorada que está constantemente a exigir atenção a meio de uma série. Entendem agora o meu problema com impressoras?? Não há nada mais irritante do que ser interrompido a meio de uma série. Ou então sou só eu...e se calhar é essa a razão de estar solteira há tanto tempo ah ah ah

Mas, voltando ao tópico, as impressoras precisam SEMPRE de alguma coisa: ou papel, ou tinteiros, ou até mesmo que se lhe mude o chip, se já forem daquelas chiques como a que tenho aqui. 

Sempre que estas desgraçadas me apitam ou acendem luzinhas porque precisam de alguma coisa, eu só consigo automaticamente imaginar a voz de uma criança mimada que exige qualquer coisa que vê no supermercado:

- Dá-me papel, já!! Senão deres eu vou-me atirar ao chão e não imprimo mais. Para além, de continuar a fazer barulhos ensurdecedores que te irão levar à loucura lentamente.

Ou então...

- HP o que é que se passa contigo? Já te pus papel, e o tinteiro mudei ontem! Porque é que não imprimes?? 
- Erro 230 -existe uma falha que pode ser 300 mil coisas diferentes, mas a minha função é mesmo só indicar-te o código do erro para que tu possas desligar-me e ligar-me 200 vezes, a achar que vai resolver o problema, e ires recorrer ao teu amigo Google, no final.
- Okay, HP. Eu já percebi que não me queres ajudar. Eu prometo que vou tratar de ti, mas podes por favor imprimir só esta guia??
- NÃO! 

Entendem o meu desespero agora?? Infelizmente, a sorte delas e o meu azar é que são de facto muito necessárias. Mas eu não consigo conviver com nenhuma delas. Nem vou começar a falar do som horrendo que fazem quando decidem comer papel em vez de o cuspir! A primeira vez que isso me aconteceu, foi na minha casa e eu fugi.pela.minha.vida.

Se a impressora fosse um cão, e se nós lhe pisássemos a pata, era aquele som que iria fazer.

Eu sou tech-friendly com tudo, menos com impressoras!

Estou imensamente interessada em saber se alguns dos fantasminhas tem destes problemas. Sintam-se em casa, sim?


Ps:acabei de me aperceber que escrevi um diálogo entre mim e uma impressora. O Futuro não me parece muito brilhante para os meus lados...

19/02/2017

Papagueando - Trincaram-me a Panacota!


Decidi arranjar um espacinho só para escrever sobre os meus pensamentos críticos do Mundo. Achei por bem, chamá-lo “Papagueando”, porque é isso mesmo que vou fazer.

Ontem, conseguiram arrancar-me do conforto do lar para ir ao cinema. A minha fiel discípula, e também filmopédia ambulante, é a única pessoa que me arrasta para este tipo de sítios, num sábado à noite, onde meio mundo está caído. Vamos chamá-la S, para proteger a sua identidade.

Ao fim de muitas e muitas vezes a ir àquele centro comercial - vamos chamá-lo CCC para proteger a sua identidade - achei por bem redigir um texto sobre o nosso local de refeição da praxe, e extremamente azarado, quando nos vamos passear pelo CCC.

Ora bem, eu e a minha amiga S, de toda a vez que temos de ir ao CCC - por norma é porque uma de nós tem algum dever perto daquele local e aproveita-se a passagem - a conversa começa sempre da mesma maneira:

- Onde é que vais almoçar?
- Ai, já sabes que eu vou à Italian Republic, porque têm lá aquele calzone que eu adoro.

Eu juro que é mesmo isto que se passa. Se conseguirem contactar a minha amiga S, eu prometo que ela vai confirmar a minha história.

No entanto, há um detalhe sobre este local - o Italian Republic, nunca funciona. Das 200 vezes que esta história já se repetiu, temos sempre algum episódio macabro para contar do funcionamento deste restaurante.

A minha amiga S, quase sempre fica à espera 40 minutos do calzone, porque “se esqueceram”. A mim, chegaram a entregar a minha pizza a outra pessoa, que tinha pedido uma igual, e que tinha chegado depois de mim.

O mais engraçado de tudo, é que já assistimos, em plena hora de ponta e confusão naquela cozinha, uma senhora - que nós partimos do princípio que fosse gerente ou qualquer coisa semelhante - vestida à “civil” a pôr e a tirar pizzas do forno com uma grande ligeireza, porque os moços não estavam a conseguir dar conta do recado e a dar com cada descasca a alto e bom som.

Cá fora, assistimos a clientes furiosos, em que as pizzas eram mais uma vez entregues a outras pessoas que chegaram depois, e a minha amiga S, chegaram a dar como medalha de compensação um calzone que diminui drasticamente de tamanho - isto após 40 minutos de espera.

Assim que saímos com os pedidos, dizemos sempre isto:

- Foda-se nunca mais lá voltamos!
- Epa mas podes crer! E para a próxima vou escrever no Livro de Reclamações.

Nunca aconteceu! Voltamos lá sempre, na esperança de que da próxima vez corra melhor. Isto só porque a minha amiga S, pelos vistos, saliva pelo belo do calzone o ano inteiro.

É tão engraçado, que eu até me lembro das caras do staff, e das expressões de horror quando a coisa começa a correr mal e a fila a aumentar - que acontece sempre, amigos, sempre.

Ontem, como manda a tradição fomos lá de novo. Provavelmente, correu bem porque fomos cedo - não houve calzone esquecido, nem 40 minutos de espera.

Mas estava uma senhora, à nossa frente que não teve tanta sorte! Pela farda, deveria trabalhar no CCC e estava na hora da pausa para a refeição. A senhora, pediu uma massa - e não é que ontem as frigideiras também decidiram ter problemas e não funcionar?? A senhora, ao que parece passou praticamente a hora toda da refeição à espera que 3 empregados, de volta de uma placa de indução e de uma frigideira conseguissem dar conta do recado e do problema. Eu só me lembro de ouvir - “Deixe estar isso assim, porque daqui a bocado fico a hora toda aqui!”

Isto acompanhado dos ocasionais comentários da minha amiga S, que fica a espreitar para a cozinha e a dizer - “O gajo da pizza está a trabalhar com pouco vigor. Vamos lá ver se não se esquece da minha calzone”; até eu olhar para a vitrine das quase inexistentes sobremesas e verificar que “Olha a panacota já foi trincada”; “Epa isso podia ser uma frase das 50 sombras de Grey - trincaram-me a panacota”, disse a minha amiga S.

Mesmo antes de pagar - coisa que ainda ponderamos em não fazer uma vez que nos deram as pizzas para a mão e toda a gente que estava ao balcão desapareceu - assistimos a duas asiáticas (sinceramente, desta vez não consegui mesmo perceber de onde eram) a desistir e a abandonar os tabuleiros, porque passados 10 minutos ninguém aparecia com as pizzas.

Amigos, se quiserem diversão e material de escrita - ou até mesmo sangue para escreverem reclamações - dirijam-se à Italian Republic, no CCC! Não se vão arrepender, juro!

24/01/2017

Dia 22 - Decisões, decisões, decisões



Primeiro post de 2017...yeeeahhh para mim, que finalmente arranjei coragem para expor por palavras a confusão habitual em que se encontra a minha cabeça.

No passado sempre me tive como uma pessoa decidida. "Eu faço e aconteço, porque é isto que quero e nada nem ninguém me vai impedir." Devaneios de uma adolescente estúpida...fazer o quê! Mas agora que envelheci (a minha idade mental é na realidade de 60 anos) não consigo tomar decisão nenhuma.

As ideias explodem dentro da minha cabeça tipo fogo de artifício: quando acordo a meio da noite, quando vou a conduzir, quando estou no banho, quando vou ao correio. E eu não as consigo calar, nem lidar com elas e muito menos tomar uma decisão.

O que é que eu faço à minha vida? Tudo neste mundo é temporário, mas eu e a minha cabeça dura escolhemos viver tudo com a mesma intensidade de um doente terminal. Isto até podia ser bom se eu passasse a vida a viajar, fazer desportos radicais, etc. Mas quando se trata apenas de escolher ou não permanecer no mesmo local de trabalho, não soa assim tão bem nem tão divertido. É uma "dor no traseiro" - como dizem os meus amigos Ingleses, ou Americanos...ou mesmo qualquer outro país no mundo que fale Inglês (não à discriminação!).

Estou demasiado preocupada com "as vozes da razão" - mais conhecidas como familiares próximos, cheios de experiência - e com os "conselhos" que me dão a toda a hora. Basicamente, o ideal seria mesmo continuar a viver infeliz como uma senhora de 60 anos, que não vai ter mais hipótese nenhuma de recomeçar na vida (lá está!), porque isso é que é correcto e é seguro, a 100%.

Era tudo tão mais fácil se não tivesse ambição nenhuma. Faço ou não faço? Digo ou não digo? Escolho ou não escolho? Recomeço ou não recomeço?

Estou mesmo a ponderar enviar o meu dilema para a revista Maria! Às vezes no meio da criatividade, encontram-se as melhores respostas. Já estou por tudo!

Ou uma votação! Existe alguma forma de pedir à ajuda do público e votarem por mim? Cabeças livres, pensantes e práticas procuram-se!

Acho que ainda vou vender os meus serviços nesse sentido. "Está cansado de se preocupar, ou de tentar pensar em soluções para os seus problemas? Não perca mais tempo - a Maria Joaquina faz isso por si - pela modesta quantia de 5€ o pensamento! Ligue já e marque a sua consulta!"

Entende-se pelo meu desespero que estou a um passo de me vender no OLX assim...o mundo está tão virado do avesso, se calhar até tem sucesso. O melhor é patentear isto!

Acho que por agora é tudo. Até gostaria de ter feito uma analepse ao ano de 2016, mas acho que já vou tarde e tenho andado tãooo cheia de motivação, que nem escrever me apetece. 

O ideal é ficar enfiada na cama mesmo...a ver séries, e pronto.

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29/12/2016

Dia 21 - Errar

Odeio errar. Odeio mesmo. Sou implacável com os meus erros e com aquilo que não tive a inteligência de emendar ou perceber antes de fazer. Simplesmente não me perdoo por ter feito uma asneira sem cabimento.

Infelizmente errei. E errei mesmo. Daqueles erros que causam prejuízos. Felizmente até tem solução, porque só para a morte é que não há solução. Mas, durante dias e dias vai pairar sobre a minha cabeça a ideia de "Tu podias ter feito de outra maneira e não fizeste. Até está resolvido, mas erraste na mesma."

Os próximos dias vão ser passados assim, quando acordar, quando me deitar e quando tenho a cabeça demasiado livre para deixar a minha mente à solta para inventar o que quiser. Dias de desgaste se avizinham.

O mais importante nisto tudo, é que quando a poeira assenta, e eu respiro fundo e tomo consciência do que aconteceu, mais percebo que eu não posso culpar ninguém sem ser a mim própria.

É uma verdade que tudo o que está à nossa volta nos influencia, e nos motiva ou não. Nos induze em erro. Mas eu tenho a opção de questionar, de rever e de reflectir. E eu escolhi não o fazer. Todas as escolhas imprudentes que fazemos têm sempre as suas consequências.

Se estou desmotivada; se acho que não me explicaram bem alguma coisa, e se tenho dúvidas, só a mim me posso culpar. Só eu posso escolher mudar isso. 

Não vale a pena tentar passar a bola para o próximo quando a responsabilidade é toda nossa. E se calhar parte da nossa indignação, quando somos confrontados com uma chamada de atenção, é mesmo porque bem lá no fundo sabemos que é verdade e custa admitir. A verdade dói sempre, mas é necessária.

Vou ter de passar pela fase da aceitação. Preciso de aceitar que errei. Preciso de aceitar que me descuidei porque não estou motivada o suficiente. Preciso de aceitar que nem sempre faço todas as perguntas que gostaria de fazer, porque tenho medo da resposta que vou ter do outro lado. Preciso de aceitar que até reconheço que tenho de ser mais humilde e aceitar o que faço de mal.

Não há mais ninguém a quem culpar sem ser eu. E vou ter de aprender a viver com isso. Esta será apenas a primeira de muitas durante toda a minha vida.

Irei procurar mais uma vez, aquilo que me completa. Mas, por muito que a minha vontade seja enfiar a cabeça na areia tipo avestruz, não o vou fazer. Vai doer, mas vou até ao fim e até onde não der mais.

Comprometo-me a ouvir, a perguntar, e a dar o meu melhor, mesmo que não queira. É a única forma de curar a ferida aberta pelo erro que cometemos.

Hoje é só mais um dia, de uma semana, de um mês e de um ano. Tudo tem solução e amanhã será melhor, até encontrar melhor.

Errar é Humano, mas nem sempre convém.

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23/12/2016

Dia 20 - É Natal!

Ai, o Natal! Embora seja uma das minhas alturas favoritas do ano, é também a altura de falsidade e cinismo.

Todos os familiares que passamos o ano a odiar de repente tornam-se bem-vindos; as pessoas que não gostamos assim tanto, levem um sorriso amarelo e um feliz natal seco...Ah, é uma maravilha o Natal!

Vamos gastar o que temos e não temos para compensar a falta de atenção, consideração e até mesmo respeito que não tivemos o ano todo. Vamos lá perdoar o pobre coitadinho, que até não merece, mas como é Natal, viva à paz e ao amor. Como é bom o Natal...

A minha desilusão sobre a quadra Natalícia aparece devido a isto. Se ainda pudesse dizer que quando era criança era melhor, mas nem por isso. Porque mesmo em criança, eu era adulta e como tal os dramas familiares tornavam-se os meus dramas. No entanto, eu continuo a adorar o Natal.

Enquanto anda tudo ao estalo e pontapé, eu passo os meus dias de trabalho (ocupadíssima) a pensar que há muita gente que não vai ter Natal. Não vai haver mesa cheia, não vai haver lareira acesa, não vai haver roupa e mantas quentinhas, não vão haver presentes, não vão estar com a família, e se calhar com muita sorte ou falta dela, não vão ter um sítio onde ficar. O Natal deveria ser para todos.

Pensando assim, se calhar receber umas meias ou ouvir o ruído de um intruso na noite da Natal não é assim tão mau, comparativamente a não ter Natal.

Milhões de pessoas no Mundo passam o ano inteiro a sobreviver nas maiores dificuldades, dia após dia. O Natal é só mais um dia da imensa luta e dor que sentem. Mas é no Natal que toda a gente sente carinho e compaixão, quando foram uns cabrões o ano inteiro. É maravilhosa a quadra!

Por isso, num Natal em que foram necessárias fazer algumas cedências e ajustes, vou fazer um esforço por não me deixar afectar pelo cinismo alheio, mesmo que isso signifique não conseguir agradar a todos. Isso, e algum álcool também é capaz de ajudar...

Por fim, quero desejar a todos os fantasminhas um Feliz Natal. Que vos traga muita saúde, alegria, bebedeiras, o que quiserem. Que recarreguem baterias para continuar a enfrentar a última semana do ano e o que aí vem. Para que consigam atravessar as vossas batalhas diárias.

Para o ano há mais, e podemos contar com as meias da avó, com o familiar esquisito que só vemos uma vez no ano, e com o intruso que ninguém quer lá! Mas enfim, faz parte do espírito.

Pode ser que para o ano seja diferente, e rica de preferência...essa puta chamada esperança, nunca morre. 

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14/12/2016

Dia 19 - Vontade

Vontade.

Vontade de ser diferente, mas querer ser igual.

Vontade de me destacar, mas querer fazer parte.

Vontade de gritar, mas sorrio e aceno.

Vontade de me exprimir, mas calo e tolero.

Vontade de arriscar, mas fico em casa.

Vontade de ir embora, mas acabo por ficar.

Vontade de dizer que não, mas acabo por dizer que sim.

Vontade de dizer que sim, mas acabo por dizer que não.

Vontade de não pensar demasiado, mas não consigo dormir.

Vontade de respirar, mas acabo por desistir.

Vontade de ter aquilo que não posso.

Vontade de ter aquilo que é inatingível.

Posso ter aquilo que está ao meu alcance, mas não tenho vontade.

Vontade de comer, mas agora não posso.

Podia comer agora, mas já não tenho vontade.

Vontade de ter vontade para fazer a vontade a quem tem vontade.

Tenho tudo ao meu alcance para o poder fazer, mas não tenho vontade.

A vontade que tinha no início, já se foi.

A pressão de fazer a vontade, é maior que a vontade de ceder à tentação.


Por isso, acabo por dizer não, deixar tudo como está e não fazer a vontade.

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16/11/2016

Dia 18 - Vinte e Três

16 de Novembro...

Ao que parece neste dia a URSS enviou uma sonda para Vénus, em 1965, que nunca regressou à Terra - nem o meu pai era nascido ainda;
Nasceu o escritor José Saramago, em 1922 - nem a minha bisavó era nascida ainda;
Em 1947 as tropas britânicas retiraram-se da Palestina;
Em 1978 morreram 200 pessoas num choque de avião, no Sri Lanka;
Em 1988 Benazir Bhutto vence as eleições no Paquistão e torna-se assim, a primeira mulher a governar um país Muçulmano.

Neste dia em 1993, ao que parece não há nenhum acontecimento histórico, exceptuando o meu nascimento às 23:30, hora de Lisboa, na Maternidade Alfredo da Costa.

Fazendo uma analepse desde hoje até ao início, muita coisa aconteceu. Chorei muito, discuti muito, ri muito - às gargalhadas bem alto, de surra para não ser descoberta, sorri sinceramente e muitas vezes não tão sinceramente, e também sofri.

Têm sido uns anos de constante construção, de descoberta, de corta de um lado e cola do outro. De subir uma montanha muito lentamente, com alguns escorregões pelo caminho, e com alguns suspiros de alívio quando me apercebo de que consegui ultrapassar mais um obstáculo - embora não tenha bem ideia de como o fiz - anos de me ir aguentando, e de ir fazendo. Mas não é isso que estamos cá a fazer afinal?

Os meus anos de vida não fazem justiça à minha bagagem, e à minha vivência. Não fazem justiça à minha visão do Mundo e das Pessoas. Não fazem justiça à minha confusa, e complicada cabeça. E felizmente, na minha aparência também não se vê.

Devo um especial agradecimento aos meus pais - ao que parece eu sou o vosso melhor acidente de percurso, e agradeço por me terem deixado cá ficar, embora não fosse para ser. Mas vocês já imaginaram o quão aborrecida ia ser a vossa vida se não fosse eu? Nem imaginem, porque eu também não me imagina a cá não estar...

Queria fazer um pedido formal de desculpas também. Acho que hoje é um dia apropriado para o fazer...

- Desculpem as minhas faltas de educação;
- Desculpem as vezes em que não vos quis dar ouvidos;
- Desculpem a minha falta de sensibilidade e as minhas palavras duras e que por vezes vos magoam;
- Desculpem se me esqueço às vezes de mostrar a vossa importância na minha vida;
- Desculpem se vos desiludi por não ter conseguido seguir o caminho que vocês idealizaram para mim;
- Desculpem se não consegui ser a melhor filha que poderia ser.

E, hoje, num dia em que as minhas ansiedades estão em alta, assombra-me a incerteza do futuro, a pressão de ser a melhor pessoa possível para todos e não vos desiludir, de não me desiludir também. Assombra-me o medo de falhar, de errar, de simplesmente não conseguir. 

Aconteça o que acontecer, agradeço mesmo com tudo o que tenho por me trazerem ao Mundo, por fazerem dele um lugar mais seguro para mim. Por perdoarem sempre, por estarem lá, com todos os vossos defeitos e dificuldades. Cada um de nós está a tentar fazer o seu melhor.

Não vou prometer que não volto a fazer ou a acontecer, porque como ser Humano que sou, vou sempre errar e vou sempre voltar a fazer. Mas, estou a fazer o melhor que posso para melhorar, para compreender e para ser o mais paciente possível.

Estas são as minhas promessas. Feliz aniversário para vocês e Feliz aniversário para mim!

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16/10/2016

Dia 17 - Esquisitices


Olá Olá Fantasminhas! Hoje acordei extremamente inspirada e tendo em conta que já não venho aqui expressar o meu descontentamento com a vida, decidi que hoje era um bom dia para o fazer. Até porque tenho os muffins no forno, e tenho de fazer tempo.

Pois bem, acho que ainda não tinha partilhado com vocês que comecei no ginásio há dois meses. Digo já, que quem me conhece bem, sabe que isto foi um grande passo na história da Humanidade principalmente, porque aqui a Je detesta tudo o que implique mexer mais que o necessário para a locomoção normal do dia-a-dia (excepto andar - porque isso eu gosto!). Bem, mas não vamos sair do tópico. Eu solicitei um contacto a este ginásio, para poder ir experimentar uma aula sem qualquer compromisso, e logo pela amigável conversa telefónica com a moça percebi que todos eles eram extremamente dados ao contacto e à convivência com as pessoas. Ironia da minha vida, certo?

Não há nada de errado com isto atenção, e é preferível assim do que sítios onde me olham dos pés à cabeça e me tiram as medidas todas - como já aconteceu no passado, tirando ainda mais a minha vontade de me envolver nestas actividades.

Quero vir apenas partilhar isto convosco, porque quem me conhece bem, sabe que esta maneira de lidar com o público não é de todo a minha onda e porque graças à minha tentativa de não deixar transparecer que não me sinto de todo à vontade com pessoas, já tenho tido alguns..."awkward encounters", vamos chamar-lhe assim à falta de melhor tradução em Português para o verdadeiro significado da situação.

Ora bem, no meu ginásio, todos eles (instrutores/recepcionistas) são extremamente amigáveis, dados, e sociáveis. Se não o são, tiro-lhes o chapéu porque são bastante convincentes. Posso-vos dizer que todos eles são super sorridentes a qualquer hora/dia e para qualquer pessoa. Todos eles fizeram questão de vir falar comigo assim que notaram que existia uma cara nova naquelas bandas; perguntar que aulas ia fazer, etc. Isto, e no meu segundo dia oficial do ginásio, já todos eles sabiam o meu nome, mesmo sem nunca terem falado comigo.

Não me levem a mal, mas quando se entra pela porta do ginásio o mais sorrateiramente possível para evitar contactos pessoais ao máximo, e aparece atrás do balcão um moço que nunca tinhas visto a dizer "Boa tarde Joaquina!", a alto e bom som...é de imaginar a minha cara e sorriso parvo de "Okay, isto é estranho...por favor sorri e não mostres que não te sentes à vontade." Cada vez que eu conto isto às minhas amigas mais próximas, todas se riem da minha cara, porque conseguem mesmo imaginar o meu desconforto.

No entanto, eu confesso que não me incomoda tanto como eu achava que me iria incomodar. Porque eu sinto, que é tudo feito com boa intenção e não um acto de chica-espertice. Admiro imenso o à vontade com que se aproximam de qualquer pessoa, porque sinceramente, eu não o conseguiria fazer. E embora já tenha trabalhado com o público, aquilo ali é outro nível amigos!

Ainda falta a parte mais importante, e aquela que eu agradeço a todos os santinhos por estar no ginásio sozinha, porque se estivesse acompanhada desatava-me a rir a todo o instante. Todos os instrutores, são também muito simpáticos, e com uma energia que só de olhar para eles me deixa cansada.

Sabem aquelas pessoas que parece que andaram a comer doces sem parar um dia inteiro, e que se conseguissem subir paredes, subiam? Pois, é mais ou menos o que acontece com os instrutores do meu ginásio. Claro que isto para uma choninhas como eu, que quer mesmo é ficar em casa com uma mantinha e gosta é de pilates porque tem músicas e exercícios calmos, é o suficiente para mais o quê?? "Awkward Encounters" - Tenho mesmo que pensar na melhor tradução para isto!

Um dos instrutores, que por acaso foi o que tratou também da minha inscrição, salta e pula à porta do ginásio para nos dar as boas-vindas antes da aula; as direcções dele durante a aula fazem-me lembrar as vozes dos senhores dos carrinhos de choque na Feira de S. Pedro, e está sempre loucamente à procura de "high-fives" todas as vezes que entramos ou saímos da aula.

Claro que isto, já me serviu para umas boas risadas internas de tão esquisito ser para mim, e também mais uma vez uns "awkward moments". (Por favor, alguém me dê uma melhor tradução para este tipo de situação - estou farta de escrever em inglês). Há sempre aquele momento, antes de começar a aula em que eu estou muito discretamente no meu canto, com a aura de "Por favor não falem comigo, não vejam que eu estou aqui" a babar para o Kyuhyun que está no meu wallpaper e lá vêm eles, dar-me um tapa no braço, ou um aperto no ombro - um deles até me deu um mini encontrão só para me dizerem olá e ah e tal eu estou aqui. Vocês não imaginam a vontade que eu tenho de rir a seguir, porque a situação é no mínimo, 'awkward' - lá está, outra vez a palavra.

Isso e quando estamos na parte dos 'high-fives' à entrada da sala, há um deles que decide mudar a meio e em vez de ter a mão posicionada para um 'high-five', passa para a posição de "dêem-me moedinha" e claro, lá vai a Je toda lançada para um 'high-five' de maneira a ultrapassar isto depressa e depara-se com uma mão noutra posição, o que causa uma adaptação a meio do caminho (minha ou do instrutor), e numa risada desconfortável da minha parte.

Enfim, isto são histórias que só me acontecem a mim. Mas, apesar de tudo, sinto que fiz uma boa escolha em ir para ali e não sinto qualquer tipo de julgamento em relação a nada, coisa que é absolutamente positiva comparativamente a outras experiências que tive, no passado.

É preciso um grande poder de encaixe para se ser amigável com tantas que pessoas que por ali passam, todos os dias, e manter a mesma energia e boa onda ao fim de um dia a dar aulas cansativas e intensas fisicamente. E acho que só por isso, tiro o chapéu, porque nunca iria ser profissão que escolhesse para mim.

Por agora é tudo. Se quiserem partilhar algum tipo de momento estranho com pessoas, estão à vontade. Adoraria saber se sou só eu que fico sem jeito, com este tipo de maneira afectuosa, quando não conheço bem a pessoa.

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