27/06/2016

Dia 10 - Dor

É ingrato da minha parte pedir que o tempo passe. Se pensar na quantidade de coisas que quero fazer, o melhor seria não passar o tempo. Mas sempre ouvi dizer que o tempo cura, e é isso que eu estou à espera que o tempo faça contigo.

Sinto-me tão mal por me sentir aliviada com a situação, e saber que parte do meu alívio te causa infelicidade. O Nandinho bate à porta constantemente cada vez que olho para ti...Admito que não estou a conseguir dominá-lo, embora eu saiba que parte dos meus pensamentos fazem sentido. Então porque é que para mim isto é um dilema tão grande?

Magoa-me saber que no fim de contas, és mais feliz com alguém que já te fez mal do que com a minha presença só. Eu não te julgo, mas não acho que estejas a ser justa comigo também.

Na minha consulta foi-me dito que eu assumo um papel que não é meu, que eu acho que tu és incapaz de tomar decisões e que por essa mesma razão eu escolho anular os traços da minha personalidade (que em tempos foram muito vincados) para prevenir que alguém se magoe. Eu não opino sobre um certo assunto, porque fico em pânico só de pensar que certa opinião possa influenciar o teu julgamento, e que a consequência disso seja a tua infelicidade. Culpem-me, mas são os traumas do passado com acontecimento semelhantes que me fizeram ficar assim.

Sabes o que ela me disse? Que eu carrego a responsabilidade de toda a gente comigo; que passo a vida a tentar prevenir e evitar confusões e como causa disso, eu vou ficando cada vez mais confusa, vou-me sentido mais culpada, e mais infeliz.

Eu não posso controlar tudo, eu não tenho esse poder, mas eu não sei fazer as coisas de outra forma. Admito que a dor dos outros à minha volta me causa desconforto também, porque automaticamente, a culpa vai ser minha. Porque será que isto é assim? Desde quando é que eu passei a assumir as dores do mundo, para não sofrer com o vosso eventual sofrimento? O que é que falhou no meu processo de cozedura e amadurecimento?

Quando eu saí do consultório, as palavras que me disseram fizeram todo o sentido...ainda fazem. Mas o Nandinho é mais forte, e eu não sou excepção a utilizar a “saída mais fácil”.

É isso que eu faço, e a tua indiferença causa-me tanta tristeza, que sou capaz de abdicar de tudo o que eu sei que é correcto, para saber que estás bem.  Sou capaz de esquecer esta guerra e optar pelo caminho mais fácil, se for isso que tu quiseres fazer. Porque para já não consigo pensar de outra forma, porque eu sei que olhas para mim e me culpas inconscientemente por este fracasso, mesmo que não o digas. Porque não sei que atitude deva ter à tua volta, e sinto que não me queres por perto também.


A vida é curta, e provavelmente um dia eu vou-me arrepender de ter dado ouvidos ao “diabinho”, mas se tiver sido por uma boa causa, então valeu a pena.

25/06/2016

Fora de Âmbito - As minhas teorias musicais: Primeiro

Se alguém se deu ao trabalho de ler o meu perfil, eu disse que também estaria na disposição de fazer uma reviewzitas de coisas que gosto de ouvir, caso estivesse na disposição.

Como o meu blog, está a tornar-se um cantinho depressivo, decidi escrever sobre as minhas opções musicais. Devo referir, que isto é um bocadinho complicado para mim, porque tenho um enoooormeee medo da rejeição (por coisas passadas, lá está). Mas sou perfeitamente capaz de entender que nem toda a gente gosta da mesma coisa, e respeitar. Desde que me respeitem a mim também...

Pois, vou estrear isto com o homem da minha vida, em todos os sentidos! Quem me conhece bem, sabe que eu sou um bocadinho fantasiosa, e tenho sempre tendência para achar piada ao que mais ninguém acha. Mas não se preocupem, eu não sofro da “doença de fã”, e quando eu digo que é o “homem da minha vida” estou a exagerar, e trata-se apenas de uma admiração saudável.

Este moço chama-se KyuHyun e faz parte da banda pop sul-coreana Super Junior. “Se ele faz parte duma banda, porque não falas da banda então, moça?” Pois bem, este moço também já lançou alguns álbuns a solo, e embora eu seja super fã da banda no geral, este foi sempre o que me chamou mais atenção, não pelo visual, mas sim pela sua voz.

Admito que fico louca com qualquer homem que cante bem e que tenha uma voz maravilhosa, e este moço não é excepção. Assim que comecei a ouvir Super Junior (na minha descoberta do K-Pop), a voz dele foi sempre a que mais se destacou em todas as músicas.

Não sendo eu fã, de todas as músicas que têm como single, como por exemplo Mr. Simple (primeira música que ouvi deles), dou por mim a admitir “ok, isto é demasiado enlatado para o meu gosto. Mas pelo menos há aqui um elemento que tem boa voz e canta bem”. O eu não gostar de alguma coisa ao início, é sempre a minha desgraça no final.

Por mera curiosidade, fui ouvindo mais músicas, e admito que acabei por ficar fã (primeiro estranha-se e depois entranha-se) e fiquei também algo surpreendida por perceber que têm músicas lindas nos álbuns, e que não são a típica banda que têm 3 ou 4 músicas porreiras e depois o resto não presta. Devo dizer, que gosto até mais de todas as outras músicas deles que não são singles, até.

Voltando ao que interessa. Este moço tem uma voz inigualável, nunca ouvi voz na minha vida que me fizesse o mesmo efeito que faz a dele, cada vez que o oiço. Lembro-me sempre de algo  incrivelmente doce e quente, e penso sempre que ele tem uma aura que grita Outono, que é sem dúvida a minha estação favorita.

Foi o último membro a integrar a banda, é o mais novo e não foi muito bem recebido no início. Ninguém esperava que ele se tornasse na “estrela” que se tornou. Digamos que entre apresentador de um programa, ou como actor de musical, o moço subiu na vida!

Embora a banda tenha perdido um pouco da popularidade que tinha, devido às novas bandas (com elementos mais jovens) que vão aparecendo, para mim continuam a ser sem dúvida a minha banda favorita, pois são completos e versáteis, em várias áreas. 

Sou uma fã de baladas no armário (tenho uma reputação a manter), e KyuHyun é o Princípe das Baladas, na Coréia do Sul!

Eu não entendo nada de música, a nível técnico. Apenas sei o que os meus ouvidos gostam ou não. A voz dele acalma, e cura muita coisa. Devo dizer que já chorei muitas vezes a ouvir as músicas dele, sem sequer entender uma única palavra do que ele diz.

Para rematar, não só tem uma voz maravilhosa, como é um bom falante, tem um imenso sentido de humor, e é brutalmente honesto coisa que se aprecia nos dias de hoje. Não é por acaso que o chamam de evil maknae, ou traduzindo da melhor forma, o caçula malvado.

Esta review não é imparcial de qualquer forma, porque volto a repetir, o moço é o homem da minha vida!

Se estiverem curiosos, e conseguirem ultrapassar o facto de não ser cantado em inglês, as minhas sugestões do KyuHyun a solo são: At Gwanghwamun e EternalSunshine. Se quiserem conhecer Super Junior, recomendo Let’s not, Bittersweet, This is Love e Raining spellfor love.

Os títulos estão todos em inglês, porque não falo coreano (óbvio) e não faço ideia de como se chamam os títulos das músicas originalmente (sorry xD).

Quem quiser dar uma espreitadela, está à vontade!




*Beijinhos*

Dia 9 - Egoísmo e Sentimento de Culpa

Adorava ser egoísta. A sério. Pode ser visto por muitos como uma má característica, mas permite-nos fazer e dizer o que realmente queremos, sem o típico sentimento de culpa.

Sentimento de culpa é o meu nome do meio. Qualquer coisa que eu diga, faça que possa magoar alguém (mesmo sem ser propositado) o sentimento de culpa aparece sempre.

Quando eu penso que sou alvo de egoísmo a toda a hora, acho que deveria mudar este ponto da minha personalidade. Mas porque é que isto não é fácil de fazer? Porque é que as pessoas à minha volta tomam decisões que me influenciam, e não pensam sequer nas consequências que isso me poderá trazer no futuro, ou neste caso, neste preciso momento? Adorava ser egoísta.

Eu tenho tanta vontade de dizer o que eu realmente quero, às vezes. Mas sou sempre assombrada pelo “politicamente correcto”, aquele senhor que só traz problemas e dificulta a nossa vida. Já estou como a música: “Eu queria dizer que não, mas não consigo...”

Não consigo porque a Joaquina vai sofrer; Não consigo porque o Edmundo vai ficar chateado; Não consigo porque tenho medo que toda a gente me culpe a seguir... (Devo referir que foram nomes escolhidos ao acaso)

Mas até que ponto isto é nocivo para qualquer pessoa? Não consigo descrever a carga emocional que sobrecarrega alguém que vive assim. Só relativamente há pouco tempo, me apercebi que essa pessoa sou eu.

Costumava ser uma pessoa tão firme nas minhas opiniões, tão bem decidida no que queria ou não fazer, no que seria melhor para mim...O que é que me aconteceu?

Dou por mim a não comentar tanto um certo assunto, porque provavelmente a Joaquina não vai compreender o que vou dizer e não vai gostar; Não vou dizer se eu quero na realidade comer o último pedaço de bolo porque o Joaquim vai querer decerteza.

Se isto for utilizado com conta, peso e medida, é uma boa característica...somos pessoas que tomamos em consideração os sentimentos e bem-estar dos outros. Mas quando nos anulamos, e chegamos à conclusão que estas decisões tomadas não nos trazem felicidade, a coisa é pior.

Chego à conclusão que me anulo para evitar confusões. Porque estou mais do que traumatizada com situações em que eu falei, e não foi bem compreendido e resultou em mais uma coisa mal resolvida.  Eu estava certa...Mesmo quando abri a boca em tom de brincadeira, gerou uma grande crise. E é engraçado que é sempre com a mesma pessoa.

Tudo acontece na minha vida como uma decisão e a sua consequência. Eu decidi falar naquele momento; correu mal e mesmo quando confrontada com a situação, a minha opinião não foi entendida ou de todo bem recebida. Consequência – Sentimento de culpa, no seu melhor.

Eu tenho plena consciência que não fiz nada de mal. No entanto, eu obrigo-me a achar que eu fiz alguma coisa de mal, que eu tenho de pedir desculpa. Talvez, por ter sido a mais nova da família durante algum tempo, e tudo o que dizia (não da melhor forma, admito) caía sobre mim, mesmo eu até tendo razão.

Desta vez eu fui um bocadinho egoísta, e decidi que não ia dar o braço a torcer. Não tenho de o fazer...E disse com todas as letras o que eu queria que fosse feito.

O sentimento de culpa, ou como eu gosto de chamar: o Nandinho, está a tentar há pelo menos 2 horas dar o ar de sua graça.

“Não devias ter dito isto”; “Ele agora vai embora e foi por tua culpa”; “Foste tu que provocaste isto”; “Devias retirar tudo o que disseste e pedir desculpa mesmo que não tenhas feito nada de mal”; “Pensa que mais alguém vai ficar infeliz com a decisão que ele tomou, por causa do que tu lhe disseste”.

Eu vou fazer de tudo, para não ouvir o Nandinho. Ele fala de mais, e na realidade ele não manda em mim. O Nandinho já teve tempo de antena que chegue, durante estes 10 anos que se passaram.

Eu vou pegar nisto e tornar realidade, e o Nandinho não me vai impedir.

“Eu não quero que cá estejas, porque és uma presença nociva para mim. Porque não acredito nas tuas boas intenções; porque calculas tudo ao máximo para o que te convém; Tiveste muitas oportunidades para sair e estás a usar-me como desculpa para ser mais fácil para ti. Eu não consigo conversar e chegar a nenhuma conclusão, com uma pessoa pequenina de espírito que só sabe ver e opinar as vidas dos outros, mas não é humilde o suficiente para admitir os seus defeitos nem as opiniões diferentes das outras pessoas. Porque todas as outras palavras que te digo, tu usas da maneira que te convém, e ironizas. Só mostra a pessoa pobre que és. “

“Mas eu perdoo-te pela tua estupidez e falta de carácter...Afinal não podemos todos ser boas pessoas. E nunca me vou esquecer das coisas boas que também passámos, nem das coisas que fizeste por mim (e que eu prefiro pensar que foram por boa vontade e não para agradar a alguém). “

Por agora, escolhi ser egoísta e fazer e dizer o que quero. Estas palavras irão ser um mantra na minha cabeça, até eu acreditar nelas e não vou deixar que sejas importante o suficiente para eu pensar em ti.

Afinal o rancor e a tristeza fazem rugas, e tal como tu o disseste – Eu sou a superestrela da família!

16/06/2016

Dia 8 - Mindfulness Meditação Formal e Informal

Para fugirmos um bocadinho à depressão constante que têm sido os meus últimos posts, venho dar um update do meu processo de meditação.

Como falei em posts anteriores, a minha psicóloga trabalha com o Mindfulness que são técnicas de meditação; Isto serve para obrigar o cérebro a focar uns minutos que seja no momento presente, e desligar um bocadinho o piloto automático, coisa que o nosso cérebro é craque a fazer, naturalmente.

Pois isto é tudo muito engraçado e bastante útil, na teoria, mas na prática, não é assim tãooooooo fácil quanto isso de executar. Se todos forem como eu, que não paro de pensar um segundo, ("Será que a galinha veio primeiro ou foi o ovo?"; Porque é que as minhas unhas não têm todos o mesmo formato?"; "Será que o meu peluche tem vida própria quando durmo de noite?") irá ser bastante difícil o processo de concentração no aqui e agora e evitar ligar aos pensamentos cheios de vida própria, que a cabeça vai enviando.

No início, confesso que não entendi bem como deveria correr o exercício. Pensei que me tivesse de obrigar a não pensar (o que é impossível), e dava por mim numa luta constante comigo própria e com muita pouca vontade de repetir os exercícios. 

Por alguma razão, parte do exercício, passa por sentir e focar apenas a nossa atenção nas diversas partes do corpo; Sentir se temos os pés frios ou quentes, sentir as mãos, focar a atenção na respiração, em como o diafragma sobe e desce à medida que respiramos. Isto é suposto, obrigar a cabeça a sair um bocadinho do piloto automático, e focar a atenção em sensações que provavelmente estão sempre lá, mas que a cabeça não detecta porque sabe fazer tudo sozinha.

O piloto automático é uma grande função do nosso cérebro: consigo lavar a loiça, lavar os dentes, caminhar, tomar banho, etc; E não preciso de pensar que tenho de assentar a ponta dos dedos dos pés no chão, e de seguida a planta do pé para conseguir dar então um passo. É excelente de facto...mas isto dá espaço para que as queridas horas de pensar na morte da bezerra sejam super frequentes, e muitas das vezes chegamos tristes dum passeio que demos no parque porque em vez de prestarmos atenção à paisagem envolvente, decidimos pensar que o Pancrácio (nome escolhido totalmente ao acaso) afinal não quer nada connosco, e que vamos ser solteiras para sempre.

Como sou uma pessoa super problemática, comecei a arranjar problemas com a meditação formal também: não tenho vontade de dispensar 30 min do meu tempo para tentar focar a atenção nos meus pés ou respiração, estou constantemente a pensar que ainda tenho imensa coisa para fazer e estou a perder tempo aqui, e uma data de coisas que não fazem mesmo qualquer sentido. Pensei que isto fosse um problema só meu, mas a minha psicóloga garantiu-me que não! (YES afinal sou normal) A maioria das pessoas não gosta de facto da meditação formal, porque obriga o cérebro a estar sossegadinho no canto dele, sem lhe darmos atenção nenhuma! E então ele vai tentar distrair, alertar e fazer de TUDO para retomar-mos as nossas actividades normais. O cérebro é nestes casos, uma criança mimada!

Experimentámos então, a meditação informal. Isto passa por focarmos a atenção no momento presente também, mas com algo palpável. Ou seja, um objecto, um alimento, ou até mesmo com as tarefas do dia-a-dia. 

Foi muito mais fácil desligar-me dos meus pensamentos, e prestar atenção. Eu fiz este exercício com uma uva, que me foi posta na mão sem eu saber o que era. E de seguida comecei só por sentir a textura na mão, a temperatura, o peso (tudo de olhos fechados). Depois pude cheirar também, e no fim abri os olhos e pude também observar os detalhes visuais: a cor, as imperfeições, a maneira como a luz bate e modifica a cor. Por fim, comemos a uva, mas muito detalhadamente. Sentimos o sabor, a textura, a maneira como o interior da uva nos deixa a língua ou os dentes, e até mesmo o barulho crocante que faz a casca quando mastigamos. Em todos os momentos, o cérebro vai arranjar teorias para o que estamos a sentir, vai julgar e vai constantemente dizer "Tu estás a fazer isto mal"...Mas deixe-mo-lo brincar à vontade, reconhecemos que estes pensamentos estão lá (eu chamo-os de Horácio ou Inácio) e focamos novamente a atenção. É perfeitamente normal isto acontecer, e não estamos a fazer nada de mal!

É um exercício super engraçado, e pode ser feito com qualquer coisa e por qualquer pessoa, até crianças. O intuito não se trata de desligar o cérebro: isso é impossível, pois o trabalho dele é produzir pensamentos e não conseguimos impedir que ele o faça. Trata-se sim, de observarmos detalhes e desligarmos um bocadinho a pressa que a nossa cabeça tem de estarmos a pensar o que vamos fazer para o jantar logo, quando podemos apreciar a paisagem do caminho até casa, naquele preciso momento.

Desafio toda a gente que quiser experimentar - experimentem com um alimento que não gostem por exemplo, pois o cérebro vai-se focar muito mais em certos detalhes e vai ser mais fácil focar a atenção. Ou então nas mais variadas tarefas, como lavar a loiça, ou até mesmo lavar os dentes com a mão não dominante - esta é bastante engraçada porque a nossa mão não dominante não sabe lavar os dentes sozinha, e isto vai obrigar a focar a nossa atenção na maneira como escovamos e as sensações serão diferentes sempre.

Quem quiser partilhar, está à vontade. Fico curiosa para saber!

*Beijinhos*

10/06/2016

Dia 7 - O que nunca te irei dizer

Tenho tanta coisa a dizer a teu respeito que nem sei por onde começar. Estou à procura de algum alívio de todas as coisas más que me fazes sentir, e vou começar por aqui.

Por alguma infelicidade do destino, temos um elo de ligação inquebrável, mas cada vez mais me convenço que nem sempre é para ser assim, e que se ambos pudéssemos escolher, penso que o faríamos. Não há explicação para a infelicidade que me causas; desde algum tempo que deixei de conseguir lidar com o sentido de humor para aliviar a dor e é cada vez mais difícil conviver contigo e passar por cima de todas as ondas negativas que o meu cérebro teima em chamar-me à atenção.

O teu egoísmo esgota-me, a tua pura falta de interesse leva-me a querer que tenho de ser perfeita para talvez assim prestares atenção ao que eu digo. Aborrece-me a tua falta de sensibilidade. Adorei quando me quiseste alertar para o facto de achares que eu estava meio "perdida" na vida, e que só querias o meu bem. Onde estavas tu na altura em que eu precisava de estabilidade? E nos fim-de-semanas em que não hesitaste em deixar-me com outra pessoa porque surgiu uma festa de aniversário e tu não podias faltar? Nunca me considerei uma pessoa rancorosa, mas contigo acho que sou...

O teu e o meu azar é sem dúvida a minha boa memória. Eu lembro-me de tudo como se fosse ontem, e é graças às tuas acções que eu me encontro na posição perdida onde estou hoje. A minha necessidade de controlo sobre tudo, porque eu assumi que se não podia contar contigo então é só comigo própria que posso contar; o meu medo de relações: se soubesses a quantidade de homens que já passaram na minha vida e que foram inconscientemente magoados, porque para mim é apenas justo eles receberem a mesma indiferença de mim como a que eu recebo de ti.

E sabes o mais engraçado de tudo? Tu nem sequer te apercebes que fazes alguma coisa de mal. 

O facto de eu dormir num quarto no qual tenho de saltar por cima de tudo para chegar às minhas coisas, não te incomoda; não te incomoda que eu durma no sofá porque não consigo dormir no quarto; a tua obsessão para que eu leve todas as minhas coisas, sempre com a finalidade de "podes precisar depois". Será que é mesmo isso? Ou simplesmente não te agrada que estejam lá as minhas coisas, a desequilibrar o teu espaço?

Aquilo que hoje em dia me afronta ainda mais, são as típicas desculpas: não te esqueças que ele veio dum meio complicado e não sabe ser de outra forma, ele pensa imenso em ti. Adoro que ninguém entenda a pressão e o sentimento de culpa que isso coloca em mim. Vocês não me ajudam assim, só pioram. 

Eu escolhi não aceitar essa desculpa, porque simplesmente não estou a exigir nada que não seja meu por direito. 

Sugas-me a energia, e com todas as certezas te posso dizer que não tenho qualquer vontade de falar contigo quando me ligas. Porque a tua forma de mostrar que te preocupas nunca me parece verdadeira, porque na realidade tu não entendes o que se passa comigo e o impacto que a tua maneira de ser tem  sobre a minha vida. Porque na realidade, eu ainda não aceitei que as coisas são como são e que o que nasce torto, tarde ou nunca se indireta. Porque a esperança é sempre a ultima a morrer.

E enquanto isso, eu ando aqui: eu choro, eu faço verdadeiros dramas na minha cabeça, eu isolo-me e escolho não privar contigo, eu mato-me a pensar como é que hei-de fazer para aprender a lidar com isto perdoar e deixar ir, mas eu não consigo.

E tu vives normalmente, achando que eu estou a passar por uma fase menos boa e que a desculpa para a tua indiferença é que "não sabes como lidar comigo"...essa fase dura há 22 anos da minha vida, que engraçado.

Um dia eu vou ler isto, e achar que foi tudo um exagero da minha parte e sinceramente, mal posso esperar que chegue esse dia, porque estou realmente cansada de lutar uma batalha perdida.

Obrigada por tudo, graças a ti, nunca irei ser 100% "normal".